terça-feira, 13 de julho de 2010

Discutir a relação

Para aonde vai isso?
Aonde quer chegar?
A palavra discutir pode até se encaixar em qualquer outra coisa, mas a conotação de sua pronúncia nos remete a uma idéia de discussão, de um desentendimento verbal, com troca de farpas e impalpérios. Discutir relação entre duas pessoas, por si só, carrega uma idéia já marcada no enunciado “discutir”, que o desfecho de tal evento não será agradável ou conciliador.
Visto que uma relação é um termo subentendido como junção, combinação. Sua união com a palavra “discutir”, retrata de imediato a quebra dessa relação e a busca por uma forma civilizada de dar um desfecho moralmente mais satisfatório à sociedade.
Muitos casais entram nesse processo por se compreenderem em dois mundos diferentes, tornando a relação insustentável, pois para muitos os aspectos individuais ao longo do tempo foram se tornando mais abrangentes e passando a atingir o outro em seu espaço. Já por outro lado, isolar o parceiro acentua uma falta de sintonia, ou encaixe em seus ideais e caminhos escolhidos, tornando-os desiguais e incompatíveis.
Tais fatores de desigualdade tornam-se mais evidentes quando a relação fica muda, sem uma comunicação consistente e constante, evidenciando uma total falta de pontos em comum, ou mesmo, uma falta de adaptação ao outro. Os casais nessa condição chegam ao ponto de não mais enxergar nada em comum que os façam manter uma relação satisfatória.
O que muitos se perguntam é qual o momento certo para se discutir uma relação? Quais os sinais mais relevantes para tal momento? Acredito que existem sinais bem claros e características bem particulares para tal avaliação. A insatisfação com o outro, o sentimento de solidão. São dois pontos principais, os mais relevantes no processo de avaliar a chegada do momento para se discutir uma relação.
Nesse processo de características insatisfatórias, o casal se sente mal, toma decisões divergentes, não se sensibiliza com a presença do outro e toma atitudes individuais e egoístas a ponto de irritar o parceiro. Forma-se um ambiente pesado, frio e com intervenções imprecisas.
Na busca por uma solução, os casais acabam por se digladiarem em disputas inconvenientes e até mesmo ridículas, atentando sob erros e características que até aquele momento eram toleradas por ambos, como meio fomentar um conflito eminente.
Muitos acreditam que os casais que se amam e tem uma vida sexual ativa não deixam brechas para tal tipo de situação, relacionando a atividade sexual com um conceito de combinação mais precisa e aperfeiçoada. Outros acreditam que a paixão é um dos fatores que torna mais evidente esse tipo de discussão, por se tratar de um sentimento imaturo e de características distintas quanto a sua durabilidade como relação. Também existem os que baseiam nas relações sexuais como fator de alta afinidade. Simplesmente pelo fato de se ter uma elevada atividade sexual, não permitindo espaços para tais discussões.
As relações caracterizadas pela paixão por muitas vezes tem um ciclo breve, por se tratar de uma relação de dependência. Onde uma das partes necessita de algo que a outra lhe fornece. O fato de uma das partes se beneficiar, ou mesmo sobreviver das benesses advindas da outra, nutre na parte dependente um sentimento de incapacidade de sobrevivência independente.
Por incrível que pareça, existem casais que mesmo reconhecendo que já não existem mais pontos em comum em seu relacionamento, insistem em sustentar tal situação, explicitando para tanto uma celebre frase: “Ruim com ele (a), pior sem ele (a)”. O que em muitos casos traduz a incapacidade e mesmo o comodismo na relação insatisfatória para o declarante. Mas que por outro lado visualiza uma total resignação, no que se refere a suportar o outro, por achar que não existe outra oportunidade de ser feliz e de recomeçar uma nova relação, simplesmente por receio de um novo fracasso.
Tem casais que passam a vida toda se detestando e mesmo assim nunca discutem a relação. Não se pode afirmar se por medo ou por receio de tal ação sair até morte. Outros chegam ao ponto de enterrar o companheiro e mesmo assim não deixam de relacionar e até mesmo divulgar sua má convivência com o outro. Geralmente falam mal e até mesmo rogam praga no defunto. Estes sintetizam uma verdadeira paranóia. Onde a parte que se considerava inferior na relação sente prazer com a morte do outro, achando que alcançou a liberdade. Infelizmente não enxerga que continua preso e submisso pós-mortem. Isso é que é masoquismo.
Uma pitada de humor também vale para esse assunto que é bastante discutido na contemporaneidade. Por ser considerado estraga prazer de muitos relacionamentos. A atitude de discutir a relação se tornou um tabu social, pois quando um quer discutir o outro nunca esta predisposto. Se em seu relacionamento surgir esse momento “Discutir a relação”, dê um ponto final e caia fora. Porque discutir relação só é agradável quando se trata de relação sexual. Aí sim! Já pensou? Você pode abrir um leque de possibilidade ao redor de tal discussão, enfocando as várias formas e gostos numa relação a dois. Isso sim é realmente a melhor forma de se discutir relação.

Prof. MSc Celso Almeida de Lacerda
Luis Eduardo Magalhães – BA.