quinta-feira, 18 de março de 2010

Despedida

Por mais que eu queira me acostumar com a despedida, esse momento não deixa de ser difícil ,tenho sempre uma tristeza, um friozinho na barriga e um mal estar na alma. É como se tivesse fazendo algo forçado e que a minha liberdade de escolha não tem sentido, me embalando em uma única direção, a partida. Olho tudo ao meu redor, com um olhar embebecido e por mais que queira esconder-me, de nada adianta. Fixo o meu olhar no nada, fico sem graça. Meio cabisbaixo e sem direção, me escondo de mim mesmo. O coração dói, pulsa, acelera sem ritmo e um suor desponta, escorrendo sobre o meu corpo como se banhasse a minha tristeza e congelasse o meu sangue. O pouco tempo dispara, corre, e o relógio tão observado, é quem dá a ordem e bate o martelo. É chegada a hora, não tem jeito. Tenho que ir. Olho para a mala, companheira inseparável desse meu sofrimento e também das minhas alegrias quando retorno. Sei que ela já esta apostos, pronta para ser carregada enquanto eu me carrego de fragilidade. E a solidão começa a sinalizar e me embalar nos seus braços como se dissese “ você não está sozinho” , você está comigo”. E com esse enlace, sufoca a minha felicidade que a pouco carregava. E sem querer mergulho nesse momento de aceitação. E como resposta, uma pequenina lágrima desliza acariciando o meu rosto e um suspiro sem ar compartilha com o meu silêncio, e essa lágrima solitária também se despede do meu olhar, numa despedida pra sempre, que apesar de fazer essa trajetória no meu rosto, nunca mais voltará ao seu lugar. E eu ainda tenho a sorte de sonhar em voltar. E na minha saída lenta e apressada levo comigo a lembrança, que como um carretel de náilon vai desenrolando o seu fio carinhosamente até o local da minha chegada, onde amarro no meu coração.
Celso Almeida de Lacerda
Barreiras - Ba 18-03-2010

sábado, 6 de março de 2010

Adeus Condicionamento

Corri sem pensar...
Tive preconceito
Fui individual
Rotulei as pessoas
Mentir para salvar a pele
Vesti-me para os outros
Mudei meu linguajar
Tornei-me ingrato
Contei dinheiro
Paguei a toda hora
Entrei em filas
Intoxiquei-me com os produtos
Aceitei propagandas,
Estressei-me
Vivi para os outros
Esqueci de mim
Disse não quando queria o sim
Disse sim quando queria o não
Liberei meus ouvidos
Sufoquei meu pensar
Cobraram-me qualidade
Lambuzei o meu rosto
Fantasiei-me...
Chega. Quero viver...
Arrancar a mascara
Mudar, sorrir, sonhar...
Amar, amar e amar
Ser verdadeiro
Envolver-me com a natureza
E me encontrar.

Celso Lacerda
06/03/2010