domingo, 23 de setembro de 2012
Lágrima
Falar
de lágrima é falar de sentimento, de emoção, de alegria e até mesmo de
tristeza. É essa coisa tão minúscula, transparente e molhada, desliza sobre a
nossa face e com a sua ingenuidade, faz a boca sentir o tempero salgado que transcende
o nosso corpo sinalizando que estamos vivos.
O
grandioso Leonardo da Vinci, mestre das artes, inventor, cientista e pesquisador
na área de anatomia, ao abrir o crânio de um cadáver em busca de entender a
origem da lágrima, buscou analisar atentamente
e nos pequenos por menores o órgão lacrimal, não encontrando um resultado
consistente, disse: “Não se
pode explicar o que vem da alma”. E nesse pensamento fica evidenciado que é na
alma que existe a fonte da lágrima. Não se pode negar que a alma e a lágrima
nos levam a mergulhar na sua subjetividade a ponto de entender que elas são de
exclusividade do pensamento humano em detrimento ao universo material. É
necessário mergulhar na intimidade da vida subjetiva, bailar no seu mundo e
interagir de maneira que sejamos libertos no nosso pensar e criar.
Parece que a alma se enfeita com colar de
cristais adormecidos e congelados, aguardando para se entender com a gente.
No
momento em que alma se apossa e sobrepõe sobre o nosso corpo é o momento em que
ela vai desfazendo o seu colar e retirando pedra por pedra, jogando-as lentamente
na nossa emoção, deslizando e separando o corpo do espírito, com isso,
atingindo o nosso maior comunicador, os olhos, que não resistem aos seus
encantos e bóiam de prazer, nesse mar que parece temperado de sal que transborda
e escorre na face. E, por mais que a gente queira nesse momento impedi-la, não
tem quem resista a essa invasão e desagua.
Profº MSc. Celso Almeida de Lacerda
sábado, 22 de setembro de 2012
BARREIRAS SEM BARREIRAS
Cidade de Barreiras
te agradeço, por ter me aceito como seu filho, por esta oportunidade, de ir em
frente, de ser feliz
e sonhar. Eu te agradeço também, pela esperança,
que me dá forças, de prosseguir.
A palavra Barreiras
quer dizer:
Obstáculos, impedimentos, dificuldades, estorvos, trincheiras e outros. Para mim
esses significados não têm sentido.
BARREIRAS SEM BARREIRAS
Hoje me encontro em Barreiras. Esse nome me traz um significado
diferente do significado que a palavra tem. Essa palavra diz que é para eu
pular o muro, é para abrir a porta.
Há quem diga que a cidade é um grande caldeirão, mas é um
caldeirão que ora esquenta e ora esfria e nesse balançar térmico é que está
cravada a beleza de seu povo, nas suas matas e nas suas águas que saltam,
embolam, deslizam como se estivessem saudando e agradecendo essa terra.
Do apartamento onde estou abro a janela e deparo-me com
uma grande circunferência de serras, matizadas com um verde de esperança que
abraça e protege os seus admiradores.
Essas serras também transmitem um sentimento de amor.
Durante a noite elas parecem se encontrar com o céu, e eles se misturam numa
escuridão brilhante para beijar a terra. E pela manhã, bem cedinho, as serras
em êxtase. As carícias recebidas durante a noite pelo céu são agradecidas e,
num malabarismo frenético, desprendem de sua rochas fumaças de prazer que vão
numa cumplicidade ao encontro do céu.
Não conto as vezes em que olho de relance para a serra e
me dá a impressão de que está à minha frente o mar, o mar de Piatã. Aquele mar
que de todos os ângulos da minha casa via todos os dias. Era um manto azul,
salpicado de espumas brancas. Também dessa janela vejo passar muita gente, num
vai e vem de responsabilidades, gentes que me lembram outras que eu conheço, no
seu semblante, no seu tamanho e na sua cor, enfim, no seu gingado. Fito os meus
olhos carentes nessas pessoas, em busca de um balançar de cabeça, de um
sorriso, de um olhar e às vezes consigo uma pequenina atenção, e me dá uma
grande alegria, pois já estou conseguindo me integrar com essa gente do oeste.
Vejo-me nesse mundo novo, onde o sonho torna-se real,
onde o caminhar me trouxe para o ideal, para fazer parte dessa nova história de
minha vida, em que o acreditar na educação integra-me numa família de
estudiosos, pesquisadores e modificadores que primam por uma educação mais
igualitária sem distinção de cor, de raça, de religião e de poder aquisitivo.
Interessante... o que vale aqui mesmo é semear... é
transformar, é pontuar o conhecimento, e que este envolva a todos, não como
condições impostas, mas como elevador de saberes.
Profº Msc. Celso Almeida de Lacerda
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