segunda-feira, 24 de maio de 2010

Deixe renascer essa criança dentro de você!

Viver bem independe de dinheiro, de status, de vaidade e de coisas supérfluas. O processo da vida é interessante. As trocas acontecem e fazem parte do crescimento e continuidade da vida. A velocidade da vida muito acelerada atualmente, por sinal não pode ser pretexto para nos distanciarmos do nosso eu, do nosso referencial, do nosso ponto de partida, porque nossa história nunca morre, pelo contrário , vive pra sempre.
O seu “eu” criança deve estar sempre na sua vida, transbordando e acariciando o seu corpo. Não que isso queira dizer que você tenha que usar bico e fraudas para o resto da vida. Mas também se quiser continuar usando, nada lhe impede.
A gente vai buscando novos horizontes, novas conquistas e cada dia mais novas expectativas e relacionamentos são criados. Esses novos envolvimentos que vivenciamos no dia-a-dia nos torna pessoas sérias, ocupadas e cheias de responsabilidades, que não tem tempo, nem mesmo de se sentir e se observar.
As coisas ditas como sérias, geralmente, vão nos absorvendo, nos tornando outra pessoa e nos presenteando com um grande peso sobre as costas, um franzir da testa e um estresse sem limites e sem compaixão acompanhado de culpa.
Acorda, trabalha, entra e sai, vai e vem e os dias correm como um meteorito em direção a terra e muitos deles nem atingem seus objetivos e desaparecem na imensidão, agindo tal qual foguetes que dão chabu .
As cobranças, seja lá de qualquer natureza, trabalho, casamento, relacionamento, relógio, calendário, nos fazem grandes responsáveis E cumpridores de deveres, mesmo que custe ferimentos na alma e no corpo.
Os nossos direitos, os quais estão a nossa disposição em passos leves, já até sabemos quais são, bem poucos por sinal. Dá até pra decorar e se perdem pela falta de tempo de pensar. E os deveres, esses sim, se encarregam de embalar a nossa vida.
A cama sente até falta da gente, mesmo com um pouco tempo lutamos e a todo instante nos batemos contra ela. O travesseiro, esse coitado, é o nosso confidente mudo e recebedor de uma cabeça cheia e pesada.
E o tempo vai passando... Estudamos, profissionalizamos na busca de titulação e aÍ estamos com esse tão desejado título: administrador, contabilista, médico, advogado. De posse dele, vestimos essa fantasia e temos que fazer o que é de melhor e com isso já não somos mais aquela pessoa, ganhamos outros nomes. Na rua já não conhecem a gente com o nome de nascimento, mas sim com aquele nome que adquiriu com a profissionalização e o pior é que também absorvemos isso. Se for professor ainda fica mais fácil para os outros, a todo instante é “professor, professor, professor...”
Com o tempo e com o chegar da maturidade é que percebemos que somos donos dessa fantasia e aprendemos a lidar com a situação, mesmo carregada de uma aprendizagem constante, de um fazer sempre o melhor. Mas, observe: valorizamos demais essa fantasia e nos esquecemos de nós. E quem somos nós nesse processo, que buscamos todos os meios para viabilizar essa profissão? A profissão não passa de uma indumentária, um acessório. Quem é que carrega essa indumentária, esse acessório? Quem é que o faz brilhar? Tenha certeza que é você, é a sua vida que você abandona em detrimento da profissão.
É necessário que em paralelo a esse crescimento, a essa mudança e a essa profissão, não percamos de vista o nosso ser, quem você é e traga sempre consigo aquela criança, aquele brinquedo, aquela brincadeira E aquela inocência. Que aquele sorriso enfeite o nosso rosto e não saia somente da boca por acaso, mas que salte dos olhos e que como um desabrochar de uma flor distribua pétalas de felicidades.
Se as brincadeiras são tão necessárias para fazer tirar sorrisos que esses sorrisos se transformem em gargalhadas e que sirvam como remédios para a alma por que eles nos rejuvenescem. Observe que vai chegar o momento de sentirmos saudades de nós mesmos e isso se deve a falta de entrelaçamento do corpo, mente e espírito.
E o meu brinquedo? Lembro-me da minha bicicleta, a minha primeira bicicleta, era de segunda mão, mas era a minha bicicleta... Fiquei tão apaixonado por ela. Coloquei até um nome, chamava-se Jardilina. Olhe que para poder me afinar com Jardilina foi muito difícil, caí algumas vezes, machuquei o joelho, já me jogou contra a parede, mas eu tinha fidelidade. Quantas noites dormi pensando em Jardilina e até sonhava e ficava doido para chegar o outro dia para nos encontrar. E o meu carro de madeira com rodas de tampa de lata de leite? Com um cordão puxava-o para onde eu quisesse. E muitos outros brinquedos, que a minha cabeça criava e viajava.....
Tudo isso não me cobrava nada, nada me era imposto... Eram coisas prazerosas, eram coisas que me impulsionavam a viver, a criar, a me tornar mais feliz. E também as coisas belas que a natureza nos oferta todos os dias e que a gente passa despercebido, mesmo fazendo parte dela e sem cobrar nada: as plantas, as flores, o canto dos pássaros e os sussurros do mar e do mato.
Também um contar e ouvir piadas, um jogar de conversa fora, um toque, um pegar na mão sem querer, um piscar de olho, uma conversa bem baixinha no ouvido, uma música, um beijo, um suspiro...
Quando foi que já ficamos nos observando? Nos sentindo? Nos interiorizando? Quando foi que deixamos a água mesmo do chuveiro mandar no nosso corpo sem pressa? Quando foi que mesmo com sol no raiar do dia penetrando nos nossos olhos continuamos sentindo que ele adormecia? Quando foi que o despertador interrompeu o Seu sono e você olhou pra ele e disse ‘você não manda em mim’ e continuou a dormir? Quando foi que você se vestiu pra você mesmo?
Tem momentos em nossa vida que é necessário fugir de padrões, sair da mesmice, buscar o seu espaço Íntimo, o seu mundo interno, valorizar suas emoções, pensamentos e sentimentos.
A gente tem horas que necessita buscar o silêncio e até mesmo a solidão. Considero como solidão gostosa o momento de me entregar, me conhecer , me enxergar e sonhar. É como se fosse um tempo só feito pra mim que tem um valor imensurável.
Sonhar é bom. Vamos sonhar sempre... Mas não devemos fazer do nosso sonho cobranças para nós mesmos. Considero-me feliz, muito feliz porque até o momento, tudo que sonhei, possuo. Sabe por quê? Meu sonho tem limites e o meu limite é a minha satisfação e felicidade, é o momento em que o ter cede espaço para o ser.
O olhar de uma criança parece uma grande interrogação, todavia é carregado de uma suavidade, cheio de sinceridade. Elas falam as coisas sem medo e sabem dar respostas. Nem precisa dizer nada, com um choro para as coisas que lhe incomodam e um sorriso para as coisas que as alegram , deixam transparecer os seus sentimentos, não se envergonham de dizer verdades e falam o que realmente entendem.
Brincadeiras combinam com crianças... e por que com adulto não? E tem algo mais prazeroso do que uma brincadeira? E nessa brincadeira sem repressão, sem cobrança e sem medo... É o momento de trazer aquela criança que está dentro de nós, adormecida, que precisa acordar, desabrochar e dizer verdades e nos trazer a verdadeira felicidade do que é viver.
Prof. MSc. Celso Almeida de Lacerda
Barreiras – BA, 24 de maio de 2010.

3 comentários:

Celita disse...

Celsão, meu amor que texto lindo!
Você merece tudo de bom.
Beijos meu amado

Celita - Barreiras Ba

Fabíola Lacerda disse...

Meu sogro, lindo texto! O próprio Deus pede que sejamos como crianças...a inocência e bondade delas é algo que devemos tentar viver sempre!

Deus o abençoe!!!!

beijossssss

Cafa disse...

Opa Celso, fiquei te devendo uma visita, mas passei por aqui hoje, interessantíssimo seu texto, jamais deixar de ser criança, seguindo a linha do processo processo evolutivo mas sem esquecer as raizes. Volte sempre que quiser ao meu blog, o espaço está aberto a críticas e sugestões, retorno em breve ao seu para mais leituras.
Abraço do cafa.
www.mundocafa.com.br