domingo, 18 de maio de 2008

Deixe-me nascer

Aos poucos fui me formando:
Alimentava-me do seu ser,
Beijava intensamente,
Bailava no pulsar do seu coração,
Mergulhava no seu liquido,
Compartilhava com o seu pensar.
Cada dia me sentia mais perto de você .
Com a sua alegria, eu vibrava.
Com o seu choro eu chorava.
No seu sono profundo
Eu mexia com você,
E lhe dizia: ¨eu existo¨.
E você deslizava as suas mãos pela barriga,
Alisava a minha cabeça,
Fazia cócegas nos meus pés
E eu sempre mostrando pra você que eu existia.
Mas você em vários momentos deprimia-se ,
Arrependia-se,
E eu lá dentro, indefeso,
Continuava dizendo que existia,
E que estava sofrendo com você.
Mas você num momento frágil,
Deixou descer pela garganta
A cápsula separação,
Não deixando-me sorrir pra você...
E aos pouco fui me separando
Do corpo que nos unia.
Mesmo com os meus olhos fechados,
Eu pude contemplar
Aquela bolsa cobertor
Que não mais me protegia.
A minha maior vontade
Era de lhe conhecer externamente:
Olhar para você,
Sentir o calor dos seus braços,
Lambuzar-me no leite dos seus seios,
...até adormecer,
E quem sabe eu refletiria em você
E você seria o meu espelho...


Por Celso Lacerda
31/05/1996

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