domingo, 4 de maio de 2008

Reencontro com o mar

Registrar momentos felizes em nossa vida é sempre bom.
O meu reencontro com o mar depois de vários dias foi fascinante. Comecei a andar pela areia, que aconchegava os meus pés formando chinelos de cristais amarronzados.
A brisa bailando com o seu sabor de maré dava um toque especial, refrescando o meu rosto e envolvendo-me.
O mar, esse gigante azulado que confundia com o céu, avançava para a areia e formava um grande tapete úmido convidando-me a pisá-lo e quando o fiz desenhei as minhas pegadas traçando um caminho para outras pessoas também o seguisse. E de vez em quando o mar fazia menção carinhosa e rasteira para atingir os meus pés e em determinado momento, conseguiu e inundou-o me convidando para um mergulho de amor. Atendi ao seu chamado e o compartilhei. Começamos a lutar. Era uma luta de abraços, abraços e abraços, como se fosse cada um dizendo que gostava mais um do outro. E naquele cansaço fui carregado e embalado como uma criança nos seus braços. Fiquei muitas horas sentindo as sua carícias em ondas.
O nosso amor era tão transparente que via o meu corpo dentro do seu corpo. E naquele ninar comecei a dialogar com o mar e disse que eu não era mais aquele menino de 15 anos que ia ao seu encontro só para molhar o corpo e desfilar pela sua praia exibindo minha juventude. E hoje com a minha idade com números invertidos (51) estava ali para contemplá-lo e sentir na mais bela paixão a cumplicidade.
E depois de várias conversas... também disse- lhe que onde estava morando tinha um rio de ondas que corria e saltava numa única direção, era estreito e imprensado pela vegetação. Tinha até os buritizeiros que os enfeitavam na sua borda, mas tinha o seu limite na largura. E nessa comparação mais abraços dei no oceano e percebi que o sol, o céu e o mar dava um espetáculo esplendido diante dos meus olhos que ainda brilhavam.
É chegada a hora de ir embora e, aos poucos, em passos leves fui despedindo-me daquele amor salgado e doce . Cada vez que dava um passo para frente levava comigo algumas gotículas de lágrimas presas ao meu corpo e que os poucos iam secando e entrando em minha alma.


Por Celso Lacerda
21/06/2004

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